Aye, poemas escoceses 

 de Carlos Oliveira Santos

Do Prefácio

O prefácio deste livro foi escrito, originalmente em Scots, por Billy Kay, um reconhecido intelectual escocês com vários livros publicados e autor de diversos programas de televisão e de rádio. O seu estudo sobre a língua Scots (Scots: The Mither Tongue), editado em 2006, é uma importante referência na cultura escocesa.

Deste seu prefácio para Aye, poemas escoceses:

   «…Que prazer é para mim, como o escocês apaixonado pelo seu país que sou, dar as boas-vindas a esta contribuição exclusivamente portuguesa, que se vem juntar àquela tradição e aumentar o reconhecimento e a divulgação da cultura escocesa na Europa. Porque o Carlos não só tem um profundo conhecimento da cultura e da história da Escócia, mas, ao mesmo tempo, ele tem algo dentro de si que lhe dá uma visão excepcional da cultura escocesa, possibilitando-lhe divulgá-la desta maneira tão impressionante e permanente.

   Há mais de 40 anos que faço, para a BBC, documentários de televisão e principalmente de rádio sobre a influência escocesa no mundo. Uma das séries de rádio foi sobre a história dos escoceses no Hawai. Lá, entrevistei um músico especialista na gaita de foles, que estava imerso na cultura escocesa em geral por causa do seu amor pela música. Chamava-se Alan Miyamura e quando lhe perguntei porque se sentia tão ligado a uma cultura tão diferente, quando não tinha qualquer ligação com a Escócia, ele disse-me algo de que nunca me vou esquecer: «A única ligação que tenho à Escócia é o meu nome, Alan. Como sabe não sou de origem escocesa. Sou japonês. Mas eu acredito piamente que ser escocês não tem nada a ver com laços sanguíneos, tem a ver com o coração que se tem no peito.»

   O Carlos Oliveira Santos tem exactamente a mesma reação, quando exposto à cultura escocesa. Para ele, não é só uma questão de ligação e análise intelectual, se bem que faz ambas as coisas de uma maneira sobressalente, para ele é também uma questão do coração, tal como disse um outro poeta, Robert Burns, na sua Epistle tae Davie:

Nae treisures, nor pleisures
Could mak us happy lang;
The hert ay’s the pairt, ay,
That maks us richt or wrang.

Não há tesouros, nem prazeres
Que nos façam sempre felizes
O coração, sim, é a parte
Que nos faz viver bem ou mal

Esta é uma coleção de poemas verdadeiramente notável que vai não só alegrar o coração, mas também exercitar o cérebro e alimentar a alma de quem a lê.

Billy Kay

Newport-on-Tay, Dezembro 2023